5 erros que as fábricas de software cometem na organização de seus processos.


Nestes quase 17 anos de experiência em implementação de metodologias, processos, frameworks em fábricas de softwares (inclusive geograficamente distribuídas) aprendi (pois já errei muito) que existem 5 erros básicos que as fábricas de software cometem ao tentar organizar os seus processos, ou seja, organizar a casa.

Muitas vezes a organização ao cometer estes erros, até piora o que antes era considerado desorganizado e improdutivo. Antes de continuar o artigo preciso estabelecer com os leitores uma fundamentação comum sobre o significado de “organização de processos”.

Na minha opinião, organização de processos é um conceito bem amplo, que pode ser usado para diversas formas de organização, como por exemplo:

  • A implementação de um modelo de referência ou uma norma ( CMMi,
    MPS.BR, Certics , MGPDI, ISO 9001, ISO 29110, ISSO 20000 e etc);
  • A implementação de uma ferramenta ( ERP, Redmine, Trello, MSProject , Jira e etc.);
  • A implementação de um framework ou metodologia ou técnica (PMBOK, SCRUM, XP, APF, Lean, Kanban, Gamification, Essence).

Explicado o termo “organização de processos” que está sendo usado neste artigo, abaixo listo e justifico os 5 (cinco) maiores erros na organização de processos de empresas de TI, que podem envolver mudanças de cultura ou não:

  • Não ter processos alinhados aos objetivos estratégicos da empresa: Este item gera bastantes discussão, já escutei por diversas vezes o seguinte discurso: “Por que preciso de um planejamento estratégico?”. Posso justificar em muitos parágrafos a necessidade de um planejamento estratégico.
    Até concordo que talvez um planejamento de 5 anos seja algo muito difícil de ser elaborado, mas estabelecer os objetivos estratégicos da empresa é algo imprescindível para manter o foco e direcionamento único para toda a empresa. Se não for assim existe desperdício de energia e dinheiro em direções diferentes.
    Perguntas como: “Onde a empresa quer chegar daqui há 2 anos? Que mercados queremos conquistar? Quais são os nossos valores? Em que somos mais fortes? Em que somos mais fracos e precisamos nos fortalecer?”; nos ajudam a traçar estes direcionamentos.
    A própria ProMove passou por isso e, percebemos que com metas e objetivos comuns nos tornamos mais fortes, além disso, saber das nossas fraquezas nos motivou a buscar soluções e nos reinventar. Isto fez uma diferença incrível para nossa gestão e para alguns de nossos clientes também.
    Saber se dentro dos objetivos estratégicos está a venda para o Setor Público, aumentar a qualidade e a produtividade, por exemplo, pode direcionar para processos aderentes a normas e modelos (CMMI e MPS.BR) em conjunto com outros frameworks da Agilidade. Por que não?
    Existe uma aderência entre estas siglas que devem ser exploradas da melhor forma, mas isto é tema para um outro post.
  


Separei alguns posts que ajudam a entender e como fazer um planejamento estratégico:

- Entenda a importância de um planejamento Estratégico
- Como elaborar um Planejamento Estratégico
- Design Thinking e Planejamento Estratégico (este é o meu preferido)

  • Não ter o apoio da Alta Direção (cima para baixo): Fazer qualquer implementação sem que a Alta Direção da organização entenda a importância ou compre a ideia pode ter como consequência a mudança de prioridade ou até mesmo a paralisação das iniciativas de organização de processo.
    Não existe algo mais desanimador para qualquer iniciativa de organização de processos do que não ter prioridade ou ter o projeto paralisado no meio, não é só o custo afundado do projeto, mas o desânimo e a sensação de fracasso que ficam presentes nas pessoas que se empenharam em realizar o trabalho.
  • Não ter o apoio dos Executores (baixo para cima): Fazer a implementação ou a organização de processos onde os próprios executores não acreditam que vai dar certo é um tiro no pé.
    É importante ter o apoio de quem vai executar, seja demonstrando exemplos de implementação, o famoso benchmarking, ou trazendo os executores para o apoio na definição destes processos.
    Executar pilotos e fazer medições antes e depois da adoção do “novo processo” ou da “nova organização” é fundamental para tornar objetiva a decisão por uma nova forma de trabalho.
  • Não conhecer as pessoas que trabalham com você: É impressionante, mas na maioria das vezes, nós conhecemos muito pouco quem trabalha do nosso lado, que por muitas vezes convivemos mais tempo do que com nossos familiares.
    Sobre isso, aprendi não só nestes 17 anos de trabalho em equipe, mas na troca de ideias em congressos e treinamentos, que não só conhecer o outro como a si mesmo é imprescindível para poder trabalhar e equipe.
    Existem várias técnicas que podem ajudar neste auto conhecimento e conhecimento do outro, veja esta post sobre Gerenciamento das Expectativas que possui links para algumas boas técnicas como o DISC.
    Usamos o DISC aqui na ProMove, apesar de alguns da equipe se conhecerem há mais de 10 anos, e foi muito bom ler sobre as características de cada um e, principalmente, conversar sobre e entender como lidar com cada uma das personalidades encontradas na empresa.
  • Não conhecer a cultura da Empresa ou sua situação atual (indicadores): Muitas vezes a Cultura da empresa não está favorável a uma determinada mudança ou uma simples organização de processo, conhecer esta cultura e planejar sua mudança é um importante fator de sucesso para uma implementação efetiva.
    Em muitos casos, diria que na maioria deles, a mudança de cultura é necessária. Tem esta frase, que eu gosto muito e que muitos atribuem a Albert Einsten, que promove a mudança como única forma de mudar os resultados: “A definição de insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes”.
    Gosto muito deste post do Samuel Cavalcante da K21 que descreve a mudança e tem ótimas dicas de leitura para quem quer promover mudanças: A mudança é necessária?

Estes 5 erros não estão classificados por ordem de importância ou relevância, aprendi, muitas vezes “na própria pele” que todos estes erros precisam ser resolvidos para que a fábrica de software não só tenha processos organizados, mas processos eficientes (alinhados a cultura e às pessoas que trabalham na empresa) e eficazes (alinhados aos objetivos da empresa).

Conteúdo desenvolvido por Analia Irigoyen, avaliadora líder MPS.BR e coordenadora da Instituição Avaliadora Promove.

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